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Sentir e Expressar

Viver é rasgar-se… E remendar-se.

Quem depois de passar pela resolução de um grande problema ou fase turbulenta, chegou a pensar: “De agora em diante as coisas irão melhorar”? Ou ainda: “Agora tudo vai dar certo”?

É como se nós vivêssemos na busca por um estado contínuo de plenitude e bem-estar, ignorando ou não querendo enxergar que a vida na verdade, é um gigante de mar de ondas que vem e vão.

De dores que chegam, outras que passam. Feridas que se abrem, outras que cicatrizam. Coisas que envelhecem e outras que nascem. Risadas que fazem perdermos o ar e choro de gente que às vezes, perde o sentido. Por isso, se faz muito importante lembrarmos da nossa natureza humana, mutável e inconstante, que é envolvida em um mundo com infinitas variáveis incontroláveis, as quais podem proporcionar muita dor, mas também muitos momentos de intenso prazer, realizações e felicidades, que de tão inexplicavelmente únicos, fazem valer cada segundo desse mar de vai e vem, de vem e vão.

Esperar que as coisas sempre deem certo ou que os nossos dias sejam sempre flores, é esperar por frustração na certa. Mais eficiente que isso, no entanto, pode ser reconhecer a nossa vulnerabilidade, bem como a nossa capacidade de superação, reinvenção e adaptação. Está tudo bem em ter esperança de dias melhores ou desejar que algo de ruim que passou não volte a acontecer nunca mais. Existem coisas que de fato, nós esperamos que não voltem a acontecer nunca mais.

No entanto, a medida em que nós encaramos a felicidade e os momentos bons como algo que não é contínuo, mas sim intermitente, nós entendemos que os momentos bons são passageiros, assim como os ruins também. Nós passamos a olhar para as coisas desagradáveis com olhos de aprendizados, enquanto extraímos das coisas mais simples, todo o prazer e luz que elas podem nos oferecer. Nós nos tornamos pessoas mais resistentes e mais tolerantes às frustrações. A gente se permite ficar triste, desanimado e/ou para baixo, respeitando o nosso tempo e os nossos sentimentos, porém, sem se entregar. Sem deixar de tentar, porque amanhã é outro dia.

O nascer do sol que não falha há milhares de séculos, existe para nos lembrar de que o amanhã é sempre novo, e nele, nós sempre iremos fazer algo pela primeira vez. A gente vai existindo no mundo, costurando as nossas feridas e nos remendando também. Porque o nosso retalho é único, de colchas, estampas e tecidos, que só a gente tem. E se viver é um lindo rasgar-se e remendar-se, que a gente possa se costurar sorrindo, cantando e olhando com carinho para os rasgos e remendos que fazem a gente ser alguém, único, especial, com uma história inédita e grande potencial.♥

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