No cenário atual tudo está tão acelerado. Podemos ouvir os áudios em velocidade dobrada, podemos consumir uma quantidade ilimitada de informações diariamente, temos um leque amplo de opções sobre o que podemos ser, fazer, ter, viver, etc. E se por um lado a velocidade e as possibilidades são diversas, a exigência sobre o que fazemos, somos e buscamos, também são grandes.
É impossível falar sobre o ser humano e sua saúde mental, sem considerarmos a nossa cultura e sociedade. E a nossa sociedade atual, prega a ideia de que precisamos “ser alguém” a qualquer custo, o quanto antes. O provérbio Japonês: “Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam, e então, viva o que eles sonham” nunca ilustrou tão bem a realidade em que vivemos. Realidade a qual, faz com a gente se culpe quando temos algum momento ocioso, ou então, quando nos permitimos ter algum momento de prazer, lazer, descanso e até mesmo de autocuidado. Como se essas esferas da vida não fossem importantes ou até mesmo como se elas não estivessem relacionadas com o nosso bem-estar e consequente “sucesso”.
Todo este contexto de possibilidades, expectativas e autocobrança, faz com que a gente entre numa corrida cega, para chegar muitas vezes, à lugar nenhum. Ficamos fissurados pela busca da perfeição e do que a sociedade nos ensinou que é sinônimo de “sucesso”, que muitas vezes quando alcançamos, descobrimos que não tem o mesmo sabor que aparecia na embalagem. Nos cobramos uma alta produtividade, êxito no trabalho, nos estudos, na família, nos relacionamentos sociais e amorosos, muitas vezes pegando pesado com a gente mesmo quando alguma destas esferas parece não caminhar conforme desejamos.
Por isso é importante, lembrarmos de desligar o modo automático, olhar para nós com carinho, reconhecer a nossa história de vida, nossas condições e realidade. É importante valorizar as conquistas, mesmo aquelas mais simples. Na busca constante pelo êxito e pela perfeição, deixamos de viver, apreciar e aprender com o caminho e com o processo… e quem já “chegou lá” sabe, que no final, a caminhada é tão importante e valiosa quanto o destino.
Quando a autocobrança bater na porta oferendo expectativas e comparações, diga a ela que você não precisa…. Mas se desejar e puder, convide-a para entrar. E ao invés de deixar que ela convença você, mostre a ela a dor e a beleza de ser quem você é. Respeitando sua individualidade, superando as suas dificuldades, mas reconhecendo seu tempo, limitações, gostos e identidade. Pegue leve com você ♥