Chamamos de personalidade, um conjunto de características que constituem a forma com que cada pessoa tende a ser e agir no mundo. A personalidade é como se fosse um padrão de comportamentos, construído a partir de fatores biológicos, psicológicos e sociais, de forma gradual e contínua, que vão atribuindo características únicas e especiais a cada indivíduo. Esse conjunto de características, influencia espontânea e diretamente no modo como lidamos com todos os aspectos da vida (trabalho, relacionamentos, amizades, família e até mesmo com nós mesmos).
Diante desta perspectiva, consideramos um transtorno de personalidade, quando este modo de ser e agir de alguém, acaba gerando sofrimento para si e para as pessoas ao seu redor. São diversos os fatores que podem levar alguém a desenvolver um transtorno de personalidade, portanto, os tipos de transtornos e seus graus de severidade, irá variar de caso para caso e de pessoa para pessoa.
Dentre os diversos tipos de transtornos existentes e já conhecidos, existe o Transtorno de Personalidade Borderline, que se caracteriza por ser um transtorno de emoções instáveis e intensas, sendo mais comum em mulheres e com indício de maior ocorrência entre o período da adolescência e da vida adulta, pois durante a infância, a personalidade ainda está sendo formada e é bastante multável. Embora alguns traços do TPB, normalmente surjam durante o período da adolescência, o ápice de quem sofre com este transtorno tende a acontecer durante a idade adulta.
Embora o Transtorno de Personalidade Borderline, muitas vezes seja confundido com o Transtorno Bipolar, a grande diferença está no fato de que, enquanto o Transtorno Bipolar é caracterizado por um começo, meio e reemissão, o border consiste em um modo de funcionamento, ou seja, ele refere-se a um jeito de existir no mundo (o que não significa que não pode haver melhoras).
Dentre algumas das causas multifatoriais que podem desencadear o TPB, estão: experiências traumáticas, histórico de negligências e terror psicológico. Como principais sinais deste tipo de transtorno, estão a dificuldade em administrar as emoções, instabilidade de humor em períodos curtos, comportamentos impulsivos, intensidade exacerbada e extrema dificuldade em tolerar o abandono e a rejeição. Além disso, é comum a ocorrência de crises de choro, ciúmes exagerados, sensação de vazio crônico (mesmo quando tudo está indo bem), em alguns casos especificamente, pode haver episódios de violência, comportamentos autodestrutivos e gastos compulsivos.
O diagnóstico sempre deve ser feito por um profissional competente para tal, enquanto o tratamento normalmente envolve combinações médicas e psicoterapêuticas. A psicoterapia aqui tem um papel fundamental, tanto para auxiliar o indivíduo que sofre com o transtorno a se conhecer e encontrar estratégias para ter qualidade de vida, quanto para seus familiares e pessoas próximas, no acolhimento, conscientização e elaboração de estratégias, para lidar com a situação, pois a família tende a ser fortemente afetada por este padrão de comportamento border.
Com tudo, é extremamente importante se lembrar de que, diante da diversidade da vida e das coisas sobre as quais não temos controle, o diagnóstico de um transtorno nunca terá o poder de limitar um ser humano e tão pouco diminuir seu valor e os seus sonhos.
Caso precise de ajuda ou conheça alguém que precise, procure um profissional ♥