Quando alguém que amamos sofre com algum problema de saúde, seja um problema físico ou um transtorno mental, além do próprio sujeito afetado, aqueles que convivem intimamente com ele, como familiares, conjugues, parceiros e/ou amigos, também acabam sofrendo de forma significativa.
Isso porque, além de ninguém gostar de ver a pessoa que ama sofrer, saber lidar de maneira adequada com o indivíduo que sofre de depressão e/ou ansiedade, pode ser como pisar em um campo minado, cheio de surpresas e reações muitas vezes difíceis de se compreender e lidar.
Embora a depressão e a ansiedade sejam transtornos diferentes e com características específicas, ambos estão altamente associados e podem apresentar sintomas semelhantes, como fadiga, insônia, dificuldade de concentração e alterações de humor. No entanto, assim como todo transtorno, o tipo, grau e intensidade dos sintomas irá variar de pessoa para pessoa, pois a sua forma de manifestação está associada a fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Sabendo dessa individualidade em tipos, formas e graus, aliado ao fato de que cada ser humano é um indivíduo único, subjetivo, com uma essência ímpar e com uma história de vida inédita, não é possível desenvolver uma espécie de “manual”, especificando a melhor forma de agir em relação a cada pessoa. Até mesmo porque, além da individualidade da pessoa que sofre com o transtorno, existe também a individualidade, essência e subjetividade do indivíduo que se relaciona com ela, bem como o contexto em que ambos estão inseridos, e especialmente no caso de relacionamentos amorosos, existe todo um cenário afetivo, cheio de sentimentos e emoções, que afetam fortemente a forma de compreender e agir, diante das situações.
No entanto, embora não seja possível desenvolver um manual de como lidar com o(a) parceiro(a) com depressão e/ou ansiedade, existem algumas atitudes básicas, que podem promover um clima de acolhimento, parceria e bem-estar para a relação, capaz de refletir em todos os outros aspectos da vida, como por exemplo:
- Substitua frases de cobrança e julgamento, por frases de acolhimento e disponibilidade. Por exemplo, ao invés de dizer “Você só fica deitado(a) o dia todo, precisa dar mais valor para a vida”, você pode dizer “Sei que não é fácil lidar com essa angústia, mas eu estou aqui para o que você precisar”;
- Converse abertamente sobre o que estão vivendo, não evite falar sobre a depressão e/ou ansiedade, não faz bem ignorar o elefante branco na sala, sempre com postura empática, acolhedora e respeitosa;
- Valorize e reconheça os pequenos avanços. Elogie melhoras sutis e/ou comportamentos positivos, pois a melhora é sempre um processo;
- Apoie e incentive o processo de psicoterapia e/ou acompanhamento psiquiátrico quando necessário, problemas de saúde mental exigem tratamento profissional sério e adequado;
- Caso se sinta confuso(a) ou desanimado(a) busque você também ajuda profissional, tá tudo bem não ter todas as respostas e não saber lidar da melhor forma com tudo.
Às vezes nós buscamos por mudanças abruptas e resoluções mágicas, enquanto deixamos de perceber e valorizar a riqueza dos detalhes essenciais. Se fazer presente de forma empática, acolhedora e o mais livre possível de julgamentos, significa aceitar o outro em sua totalidade e promover espaço para ser e existir, com todas as fraquezas e vulnerabilidades inerentes à existência humana. Desta forma, promovemos espaço no aqui e agora para conexão e expressão, tão necessários para o processo de “cura” e promoção da saúde mental.