O Dia dos Namorados está chegando… 

E com ele, a mídia e as redes sociais trazem à tona um clima repleto de romance e amores no ar. Por isso, aproveitando este cenário de muitos afetos e sentimentos, gostaríamos de abordar um assunto de grande relevância, mas que às vezes passa despercebido ou recebe pouca atenção por parte dos casais: a importância da comunicação nos relacionamentos conjugais. 

Mas antes de embarcarmos nessa viagem instigante e cheia de altos e baixos que são as relações amorosas, é importante falarmos brevemente sobre o que é o amor. Isso porque, a nossa cultura de um modo geral, expressa através de suas músicas, livros, filmes e arte, um ideal de amor altamente romantizado. O amor romântico que é socialmente vendido, refere-se a um sentimento tão subjetivo e abstrato, que chega a ser mágico, místico e surreal. O amor que consumimos desde a infância nos contos de fadas, nas músicas, novelas, desenhos e filmes, se trata de um sentimento que tudo suporta e supera, capaz de cicatrizar todas as feridas e preencher qualquer vazio.  E apesar desta compreensão sobre o amor soar amplamente confortável, bonita e poética, absorvê-la sem questionar, faz com a gente crie expectativas inalcançáveis sobre um amor romântico que nos salvará, ao mesmo tempo em que nos isentamos cada vez mais, da responsabilidade por nossas ações, bem como do nosso papel ativo na construção das nossas relações amorosas e do nosso próprio bem-estar.

De todo modo, é importante reconhecer que o amor tem sim um lado emocional, altamente subjetivo, íntimo, particular, biológico e irracional, capaz de fazer os olhos de quem ama brilhar, as cores ganharem mais brilho e a vida mais sentido, especialmente na fase da paixão. No entanto, existe também um outro lado, que apesar de não soar tão poético, acaba sendo tão bonito quanto esse primeiro: o lado do amor enquanto uma construção. Afinal de contas, o que é um relacionamento conjugal, senão dois universos (pessoas) com histórias de vida diferentes, educações diferentes, características biológicas distintas, crenças, traumas e perspectivas únicas, compartilhando suas intimidades e vulnerabilidades dentro de uma única relação? Existe uma parte (fundamental) do amor, que consiste na consciência e reconhecimento das nossas ações. Até mesmo porque, o amor propriamente dito é um sentimento, mas um relacionamento amoroso é formado com base em atitudes e comportamentos.

Desta forma, quando falamos sobre comunicação nos relacionamentos, estamos nos referindo tanto às palavras, como aos gestos, atitudes e comportamentos que demonstram (ou não) o respeito, a valorização e o cuidado de si e do outro. Ao partir deste ponto de vista, muito sofrimento pode ser evitado se enxergarmos no amor, a possibilidade de uma construção. Diversos momentos desagradáveis podem ser poupados, se criarmos o hábito de nos expressar, estabelecer limites e combinados, alinhar as nossas expectativas e também escutar. Muitas vezes, sofremos, reféns de pensamentos, anseios e angústias irracionais, que não existem em outro lugar, senão dentro de nós. Outras vezes, o fato pode até ser real, mas quando compartilhado, se torna consciente e logo passível de mudança, alinhamento e percepção. Observe ao seu redor os casais que você conhece e admira e perceba o quanto eles se comunicam, se alinham e se expressam, ao ponto de desfazerem seus próprios nós.

Portanto, compartilhar e explicar os nossos pensamentos de forma não violenta e sincera, além de nos conectar ainda mais com o outro, pode tornar a relação mais sólida e potencializar a intimidade.

De bloquinho em bloquinho, atitude em atitude, compreensão em compreensão, podemos edificar um castelo amoroso, capaz de sobreviver a tempos difíceis, especialmente como este de pandemia, onde muitos casais se deixaram de lado ou até mesmo colocaram um fim em suas relações. No entanto, é muito importante esclarecer aqui, que existe uma exceção nesta construção e tolerância, que é marcada pela presença de abuso ou qualquer outro tipo de violência, mas que abordaremos em outro texto, para não perdermos o foco.

Em suma, nesta semana de dia dos namorados, gostaríamos de deixar essa breve reflexão sobre o amor enquanto um verbo em contínua construção, que se alimenta não só do diálogo, mas também da escuta, do acolhimento e comportamento que constituem a comunicação.